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 Psicoterapia 

moderna

Dr. Rômulo Bioza

Entender a psicoterapia atual corresponde a um exercício que poderíamos chamar de artesanal. O psiquismo parece com uma casa que se estrutura a partir do alicerce, sendo este o “clima” que recebe o início do “ser” (o útero materno). A fundação é feita e segue a construção das paredes (o “jeito” psicológico) que vai até a maturidade biológica (18-21anos), se estendendo por toda a vida.

Todo e qualquer defeito de construção independentemente do período, vai gerar uma espécie de desorganização estrutural (conflitos internos) que depois de algum tempo criam mecanismos de compensação psicológica para evitar o contato com o defeito estrutural. Por exemplo: a rachadura na parede leste da sala que disfarça a desestrutura no alicerce da coluna oeste; essa situação cria um grupo de sensações de incomodo, de risco e de perigo, correspondendo a tensão e angústia.

Seguindo esse raciocínio, se a casa é o psiquismo e ela esta viva, então ela vai se “ajeitando” com os recursos que tem e busca tampar a rachadura do jeito que puder, mesmo que a parede leste não possa mais ser utilizada ou fique com algum defeito, correspondendo aos sintomas.

Em outras palavras o psiquismo cria “gatos” para evitar a angústia interna, gerando uma “auto maquiagem”, mas sem mexer na estrutura e com o tempo o indivíduo fica sem recursos psicológicos para se apresentar de forma madura à vida.

A história da psicoterapia que se iniciou com os estudos de Freud inicialmente assustadores para a sociedade na época se estende aos dias atuais com a evolução de diversas linhas de pensamento, todas desenvolvidas ou em desenvolvimento para o melhor entendimento dos conflitos emocionais do ser humano e de suas possíveis resoluções.

As abordagens psicoterápicas representadas pelas linhas isoladas ou conjuntamente, na sua grande maioria diferenciam o estresse externo do interno, pois os referenciais diagnósticos estão baseados no funcionamento psicodinâmico.Portanto a essência da psicoterapia corresponde à identificação e ao tratamento das causas dos conflitos que geram as angustias e os sintomas.

Todo esse processo tem como matéria prima de trabalho a estrutura psíquica.

O psicoterapeuta não se utiliza de medicamentos psicotrópicos e sim de diversas técnicas elaboradas a partir de um raciocínio psicodinâmico que leva em consideração a relação entre os tipos de angústia e a proporcionalidade ou não dos sintomas vivenciados pelo indivíduo, diferentemente da Psiquiatria Clinica que centraliza suas forças nos sintomas.

Essa postura cria confiança na relação terapeuta paciente proporcionando assim um caminho a dois no sentido de enfraquecer as chamadas psiconeuroses e ou defesas inconscientes.

A diferença terapêutica de não valorizar apenas os sintomas, mas de entender a parte doente que é desproporcional as situações de vida, ajuda o individuo a identificar e desmontar os conflitos internos.

Dessa forma a grande vantagem da psicoterapia corresponde ao seu poder curativo, que embora não traga um alívio imediato como na utilização de medicamentos, o seu efeito é duradouro e definitivo pelo entendimento alcançado.

Seu custo financeiro é mais elevado, pois se faz necessário que o processo como um todo seja freqüente, exigindo pelo menos uma sessão de psicoterapia por semana.

De forma comparativa à psiquiatria moderna, a psicoterapia não é objeto de grandes investimentos na formação dos pesquisadores e terapeutas, além da realidade acadêmica nas grandes universidades não valorizar os programas de treinamento prático em larga escala.

Isso faz com que o profissional busque a formação nos centros particulares de ensino com um custo muito elevado, o que dificulta o acesso a tais formações e especializações, restringindo o número de profissionais realmente habilitados para tal exercício.

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